Artigos desenvolvidos especialmente para o jornal

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Assinaturas: fritz.utz@gmail.com - Fritz Utzeri

Capítulo 2

O RECRUTAMENTO DO PRÍNCIPE DUNGA

O príncipe Dunga seguiu à risca as recomendações de sua protetora, a deusa Ateneia, também conhecida como Atenas ou Minerva, para que se mantivesse firme em suas convicções, não se deixando levar pelas aparências.

Foi obtendo sucessos em uma série de batalhas menores que se mostrou merecedor da confiança nele depositada. Assim, conseguiu enfrentar, com inegável êxito, o árduo caminho até a Guerra das Savanas.

Em alguns momentos, parecia que seria aniquilado junto com grande parte de seu batalhão. Houve ocasiões em que os víveres começaram a faltar e seus homens pareciam ter perdido as forças. Mas, na base da oração e da determinação, seu exército reagia ao som de seus brados e encontrava a energia necessária para retomar a glória.

Entretanto, em um momento de descuido, o Rei Ricardo, o Genro, chefe-maior do Estado Bélico Brazucano, deixou-se seduzir por Afrodite, também conhecida como Vênus, que, para ele, se mostrou em todo seu esplendor, convencendo-o a pressionar Dunga para levar, para a Guerra do Olimpo, o engenhoso Ronaldo, o Gaúcho. Mesmo contrariado, Dunga sujeitou-se à vontade política e acabou sendo derrotado. Assim, jurou perante Ateneia, a deusa da sabedoria, que preferiria morrer a abrir mão, outra vez, das próprias e arraigadas opiniões.

Um dos momentos de maior tristeza do Príncipe Dunga ao longo dessa jornada foi quando perdeu Adriano, soldado em quem o Príncipe dos Pampas depositava muita confiança por ter sido fundamental em importantes batalhas de outrora. O Imperador da Chatuba recusou-se a seguir as regras estipuladas e se deixou levar por umas ninfas, para uma vida desvairada nas terras do deus Dioniso, também conhecido como Baco, após ingerir o precioso líquido de um cálice sagrado.

Foi assim, que Dunga fez a opção de ser fiel ao próprio passado e recrutar, para a Guerra das Savanas, um exército formado basicamente por brucutus, que, sob presença de Atenas, já haviam jurado obediência incondicional às suas determinações, comprometendo-se a não utilizar qualquer habilidade artística nas batalhas.

O problema é que muitos, sejam eles mortais ou mesmo deuses, vêem a guerra como uma forma de espetáculo e não compreendem as atitudes de Dunga. Um grande exemplo foi a Revolta dos Brazucanos pelo não recrutamento de um jovem soldado que despontava em outros campos de batalha, o hábil Paulo Henrique.

Essas ressalvas ao seu trabalho não eram bem digeridas por Dunga, que, por considerar-se ungido por uma deusa, não admitia críticas. Por esse motivo, o Príncipe Anão, suplicou-lhe em seu característico dunguês:

- Oh, Poderosa Ateneia, tu que sabe de tudo... Não entendo como não me compreendem. Com nós, tudo é sempre mais difícil. Diga-me, por que tanta preocupação com a saúde de um único soldado: o Ricardo Kaká? Não sabem que somos um exército? Qual vosso sugerimento para que a vitória seja creditada mais a este comandante do que ao próprio pelotão?

Após algum tempo de reflexão, Dunga, com uma das expressões faciais que costuma exibir quando está tendo uma grande idéia, fala consigo mesmo:

Mas, terá sucesso?

É o que veremos nas próximas narrações de Jorge Eufranor.

postado em 05/06/10