Artigos desenvolvidos especialmente para o jornal

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Assinaturas: fritz.utz@gmail.com - Fritz Utzeri

Capítulo 7

A Destituição do Príncipe Dunga

Enquanto se aguardava uma maior aproximação do exército laranja, Dunga estava preocupado com a ausência de importantes soldados capturados por Marte (Ares). Mesmo contra a própria e arraigada convicção, o Príncipe dos Pampas tinha abandonado a idéia de tentar libertá-los, seguindo assim o que lhe fora aconselhado (vide capítulo 6) por Atenas, deusa chamada ainda pela alcunha de Minerva ou Ateneia.

Quando os inimigos já podiam ser avistados a olho nu, eis que, para surpresa de todos, surgiu, a galope, Felipe (o bruto). Ele desceu do cavalo, cumprimentou os companheiros e se pôs à disposição para a batalha que já estava por começar. Uma grande alegria tomou conta do ambiente.
Ligeiro e destemido, o bravo soldado pôs Robinho (o malabarista) nas ancas de seu cavalo e partiram, cortando os ventos, para cima do inimigo. A manobra derrubou vários deles. Os brazucanos aproveitaram a oportunidade para atacar. Parecia que a vitória seria mera questão de tempo. Estava mais fácil do que se havia planejado. Dunga comemorava e xingava consigo mesmo:

- Eu sabia que, ao invés de seguir sugerimentos alheios, o correto seria permanecer agarrado às minhas próprias ideias. Tenho vivência nessas questões bélicas. Eu sou o cara!

Acuados, os adversários recuaram. Enquanto isto, o exército brazuca aproveitou para descansar e os soldados, que naquele dia usavam um uniforme azul, foram conferir como Felipe, a quem estavam considerando como herói, havia conseguido escapar das garras do deus da guerra.

Para entender o que realmente havia acontecido, Dunga manda um arauto chamar o incomparável cantor cego que sempre os acompanhava. Assim, todos ficaram sabendo, por meio de versos comoventes, que Felipe, cujo nome em grego significa “aquele que gosta de cavalos”; havia sido deixado por Ares, na ilha de Poseidon, que alguns invocavam como Netuno. O poeta aproveitou, também, para relembrar a todos os seus extasiados ouvintes que os equinos haviam sido criados pelo tridente do deus dos mares, em uma antiga disputa de poder com Ateneia.

O trovador, que não enxergava, mas que conhecia como ninguém os mistérios e a imperiosa vontade divina, continuou seu inspirado relato e narrou como Felipe havia se libertado ao atacar a pontapés um ciclope que, ao mergulhar nas águas, que rodeavam aquele pedaço de terra, fez com que o mar baixasse. O valente soldado tirou, então, proveito da situação; roubou um cavalo e se pôs a galopar dentro d’água, como uma flecha, até chegar ao local onde estavam todos agora reunidos.

Após o relato, o Príncipe Anão olhou para os céus e, entre as nuvens, observou uma imagem que não conseguiu decifrar, mas que lhe passou, de imediato, uma sensação de mau agouro!


Rapidamente, essa se dissipou no ar e despontou, somente aos olhos do Príncipe, a deusa da sabedoria que lhe revelou que nada poderia fazer. O soldado brazucano havia matado o filho de Netuno e, desse modo, Zeus havia autorizado a vingança, uma vez que assassino e vítima eram, surpreendentemente, meio-irmãos!

Não deu tempo de processar tantas novidades! Um forte tremor derrubou Felipe, atirando-o contra os próprios companheiros. O deus dos mares como se sabe, controlava, também, os terremotos. Ficaram, então, todos atônitos; razão pela qual os laranjas se reaproximaram com grande ferocidade. Antes que a vitória inimiga se concretizasse, Zeus ainda mandou dois raios para que a morte deles fosse menos sofrida. Um atingiu diretamente o peito do bravo Felipe e o que restava de ânimo aos seus companheiros esvaiu-se ali mesmo. Estava configurada a derrota!

Dunga, poupado por intermédio de Ateneia, conduziu os sobreviventes de volta ao Reino Brazuca. Porém, mandou recado pelos abutres-correios dizendo que abdicara ao trono! Não daria esse gosto a seus conspiradores.

Na próxima semana, não percam o derradeiro capítulo da saga narrada por JORGE EUFRANOR, fielmente transcritas para o MONTBLÄAT por JORGE EDMUNDO F FARAH e revisadas por LUCENA S. BRIGHT.

postado em 10/07/10