Artigos desenvolvidos especialmente para o jornal

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Assinaturas: fritz.utz@gmail.com - Fritz Utzeri

Epílogo

FÚRIA, A ELEITA DOS DEUSES

Naqueles tempos, enquanto a Guerra das Savanas estava apenas começando, os deuses se reuniram em assembleia no Olimpo para definir qual exército seria consagrado vencedor. ATENEIA, também conhecida como MINERVA ou ATENAS, pediu a palavra para defender seu predileto:

– Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, acredito que a vitória deva ser brazucana, afinal o Príncipe Dunga é um guerreiro valente, que exige sempre o máximo empenho e dedicação de seus comandados. Ele será capaz de abrir mão de todos os prazeres do mundo dos homens em oferenda a nós, deuses, em retribuição a essa conquista.

– Minha filha, como podes defender tal posição? Sei que tens predileção pelo Príncipe dos Pampas, mas tu bem sabes que não é sábio alguém defender deuses sem gostar de Magia! Não posso permitir a vitória de um exército esforçado, mas sem qualquer encanto. – responde-lhe ZEUS, também conhecido por JÚPITER.

– Oh, DEUS DOS DEUSES, concede, então, a vitória ao exército platino. O Príncipe Dieguito é um dos mais entusiasmados defensores do Encanto. Quem melhor do que ele para semear a alegria e a beleza entre os povos. – argumentou AFRODITE, chamada por alguns pela alcunha de VÊNUS.

– Ora, Afrodfite, como podes querer que o destino trace essas linhas? Tu bem sabes que se o povo argênteo se sagrar vencedor, o Príncipe Dieguito – o Maradona – será bem capaz de cumprir a promessa e desfilar pelado! Ora, convenhamos que tal imagem pode ser tudo, menos bela! – contra-argumentou ZEUS.

– Zeus, deus-pai, tens por tuas filhas uma indigna fraqueza, porque foste tu que as gerastes. Vênus, ao menos, tentou defender o sobrenatural, mas Minerva só tem olhos para um príncipe turrão. Assim, solicito que permitas que o exército laranja derrote o exército brazuca e, dessa maneira, ganhe força para terminar a Grande Guerra em triunfo. – falou MARTE (ou ARES), em sua eterna disputa de poder com ATENEIA.

– Divindade inconstante, cessa de importunar-me com os teus lamentos! De todos os habitantes do OLIMPO, tu és o que eu mais odeio, pois só amas a discórdia, a guerra e a carnificina. Tens, sem dúvida, o intratável caráter de tua mãe JUNO, que as minhas ordens soberanas mal conseguem domar. Não estás preocupado com os homens, mas, somente, em demonstrar mais força do que Atenas. No entanto, como sou teu pai, atenderei a teu pedido parcialmente: permitirei a vitória laranja contra os brazucanos, mas não o êxito deles ao final. – exclama ZEUS, em tom raivoso.

Cada um dos presentes fez a defesa de seu batalhão predileto. Assim, em concessão às súplicas dos guerreiros cisplatinos erguidas a suas pitonisas, Apolo defendeu a vitória Celeste. Zeus negou, mas permitiu que tivessem um papel honroso que fosse lembrado para todo sempre. Para tal, o DEUS DA BELEZA E DA JUVENTUDE foi transformado em um mortal soldado da banda platina oriental e passou a se chamar Forlán.

O tempo foi passando e... nada! Não houve argumento capaz de convencer Zeus. Dessa forma, não se chegou à conclusão de quem seria o solene vencedor da Guerra das Savanas. Quando o desespero já podia ser sentido no ar, eis que adentra no Olimpo, Poseidon, também chamado de Netuno, intervindo:

– Zeus, somos, ambos, filhos de CRONOS e de RÉIA. Somos, portanto, irmãos e cada um de nós tem seu quinhão de honraria. Quando se tirou a sorte, a mim, coube o mar. Pois bem, os céus couberam a ti, mas o Alto Olimpo é um bem-comum. Sei, entretanto, que és mais poderoso, mas de nada adianta ficar censurando as escolhas dos filhos que tu mesmo gerastes.

Se continuares procedendo dessa maneira, não teremos vencedores. Permite, então, que eu possa te apresentar a solução. Criei uma criatura marinha nunca antes vista na história do Olimpo. Por meio de um oráculo inédito, podemos chegar à melhor decisão possível.

Mesmo sem acreditar, na falta de uma alternativa melhor, e, como forma de se livrar do irmão, ZEUS concedeu-lhe permissão para que seguisse adiante com seu plano. Netuno, então, espalhou caixas com bandeiras pelo chão e trouxe um molusco, cujo nome era Paul. Para surpresa geral, sem qualquer sinal de dúvida, o animal deu o seu veredito:

Sem contra-argumentos e para não se passar por menos inteligente do que um polvo, ZEUS concedeu a palavra aos deuses presentes para livre manifestação daqueles que porventura discordassem. Diante de um “silencio ensurdecedor”, ZEUS informou que o exército hispânico passaria a ser conhecido como “Fúria”, uma vez que contaria com a proteção dos raios enviados por ele próprio e de tremores provocados pelo DEUS DOS MARES, para garantir que a decisão divina fosse soberana no mundo dos homens.

Sem entender como um reles molusco poderia ser tão carismático, JÚPITER foi informado sobre a existência de outro membro da família, cujo nome era Luís Ignácio, que seria ainda mais inacreditável. Mas, isso já é assunto para outra saga.

Sem mais, em alto e bom som para que todos pudessem ouvir, ZEUS proclamou a sentença final:

– Que seja feita a vontade do polvo!

Após o final da Grande Guerra, a Paz voltaria a reinar, por pelo menos mais qutro anos!


Jorge Eufranor termina, aqui, a narração da Odisséia Brazuca, fielmente transcrita para o MONTBLÄAT por JORGE EDMUNDO F FARAH e revisada por LUCENA S. BRIGHT

FIM

postado em 23/07/10